Como sabemos, o ensino secundário em Portugal corresponde ao ensino médio no Brasil. Ambos possuem três anos de estudo, porém com um grande número de diferenças, seja no âmbito metodológico como no programa curricular, em que são tratados os temas de estudo.
Uma das diferenças que me chamou bastante atenção é o uso obrigatório da calculadora gráfica no ensino secundário em Portugal. Apesar de ser cara (por volta de 100,00€), cada aluno possui a sua. Para facilitar o acesso a todos os alunos, o pagamento da calculadora pode ser parcelado em várias vezes em algumas lojas. Sendo que alguns preferem comprá-las dos alunos que acabam o ensino secundário.
Uma rápida análise no programa curricular de matemática do ensino secundário me permitiu observar que a calculadora gráfica pode ser utilizada em todos os temas, são eles: Cálculo Diferencial; Geometria; Funções e Sucessões; Probabilidades e Estatística. Isso se deve aos aplicativos presentes em algumas calculadoras que permitem usá-las também em geometria, que funcionam como um software independente.
Para saber como se passa uma aula com o uso das calculadoras gráficas no ensino secundário, fui à Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra, assistir a uma das aulas do Professor Balsa.
Sentei-me ao fundo da classe, onde pude observar do começo ao fim o trabalho do professor, estagiárias e alunos. Por se tratar de um material obrigatório, os exercícios são elaborados supondo que o aluno os resolverá com auxílio da calculadora gráfica, portanto uma função, por exemplo, é estudada mais a fundo já que o aluno terá acesso a quaisquer tipos de gráficos que são inviáveis de se esboçar com régua e lápis.
O professor, junto às estagiárias, acompanha o trabalho dos alunos continuamente. Ele tem a sua calculadora gráfica pessoal conectada a um projetor que permite com que os alunos visualizem o que faz em sua calculadora durante as atividades e explicações.
A disposição das carteiras em duplas contribui para uma atividade investigativa, sendo que, durante as atividades, os alunos se ajudam e discutem as tarefas entre si. O professor faz o papel de mediador, promovendo um cenário de investigação e também mantém a disciplina da classe o tempo todo, chamando atenção quando necessário.
A calculadora gráfica mostrou-se um material essencial nas aulas, pois com ela é possível estudar funções mais complexas que seriam inviáveis de ser traçadas com o uso de apenas lápis e régua. Além disso, os alunos aprendem a dominar essa tecnologia, para que no futuro possam ajudar a desenvolvê-la cada vez mais.
O MEU PENSAR SOBRE ESSA REALIDADE NO BRASIL
Acredito que no Brasil o nível sócio-econômico dos alunos tem de aumentar bastante para que um dia possamos acreditar que seja possível acrescentar o item “calculadora gráfica” como um material obrigatório. Porém, há outras formas de se inserir a calculadora no ensino médio sem que seja necessário acrescentá-la como um material obrigatório, basta as escolas adquirirem um número suficiente para que sejam utilizadas durante as aulas.
A calculadora gráfica não é o primeiro item a ser acrescentado na educação para que ela venha a melhorar, mas sim um dos itens. Claro que será necessário um investimento maior na educação e não podemos esperar isso de braços cruzados. Todos nós um dia puxamos a calça de nossos pais dizendo “Compra pai! Compra!” e creio que seja dessa mesma forma que podemos começar, puxando as calças das escolas que por sua vez puxarão as do governo.
Renan Mercuri Pinto
Gostei do post. Uma calculadora grafica nao é tao cara assim e concordo que é possivel equipar as escolas publicas brasileiras com um conjunto delas para q os professoras possam usar em sala de aula.
ResponderExcluirMiriam