quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Presidente da República de Portugal na Universidade de Coimbra / President of Portugal at Coimbra University

Presidente da República de Portugal na Universidade de Coimbra
Hoje, dia 30 de Setembro, estava andando pela Universidade de Coimbra quando me deparei com muitos policiais nacionais em frente à biblioteca geral. Como todo brasileiro curioso, fui perguntar a uma senhora que estava por lá o que acontecera. Ela respondeu que o presidente da República Aníbal estava por sair da Faculdade de Direito.
Presidente na Universidade de Coimbra
Como não havia muitas pessoas no local, apenas alguns estudantes curiosos, pude chegar bem perto do carro que supostamente ele iria entrar. Esse carro estava sendo fortemente escoltado e um motorista muito bem arrumado o esperava do lado de dentro. Estranhei por não ver muitos fotógrafos, mas logo ouvi um alvoroço e muitos flashes.
Um grupo de estudantes de direito, com seus trajes de veteranos, saiu em frente ao portão da Faculdade de Direito e estendeu suas capas pretas sobre o chão. Logo em seguida, muitos fotógrafos e repórteres recuavam ao andar de Aníbal, que saía sorridente, cercado por homens engravatados. Acompanhei toda cena bem de perto, ao lado do carro do presidente. Logo depois de entrar no carro, ele se foi ao som das sirenes e fotos.
Aníbal António Cavaco Silva, atual presidente da república portuguesa, presidiu a sessão solene de abertura do colóquio internacional “Da virtude e fortuna da república ao republicanismo pós-nacional”, inserido nas comemorações do centenário da república. Essa sessão aconteceu no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Auditório da faculdade de direito
President of Portugal at Coimbra University
Today, September 30, was walking by the University of Coimbra when I came across many national police in front of the general library. Like all Brazilian curious, I ask a lady who was there what had happened. She replied that the president was of law school.


As there were many people in place, some students just curious, I could come close to the car that supposedly he would enter. This car was heavily escorted and a driver was waiting very neat inside. Strange not to see many photographers, but soon heard a commotion and many flashes.
A group of law students, veterans with their costumes, went outside the gate of the Law School and held their black cloaks on the ground. Soon after, many photographers and reporters retreated to the floor of Hannibal, who left smiling, surrounded by men in suits. I followed the whole scene up close, alongside the president's car. Soon after entering the car, it was the sound of sirens and photos.
Aníbal António Cavaco Silva, current president of the Portuguese Republic, presided at the solemn opening session of the international colloquium "The virtue and fortune of the republic to republicanism post-national", inserted in the centenary celebrations of the republic. This session held at the auditorium of the Faculty of Law, University of Coimbra.

Auditorium of the Faculty of Law
Imagens retiradas do site: http://www.presidencia.pt/
Pictures of the site: http://www.presidencia.pt/

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

De Coimbra a Aveiro

Neste domingo, dia 26 de Setembro de 2010, resolvemos ir para Aveiro. Uma cidade de Portugal que dista aproximadamente 60km de Coimbra. Pegamos um comboio as 10h50 na estação Coimbra B e depois de uns 40 minutos chegamos a Aveiro. A passagem de ida custa € 4,40 e a de volta € 4,50.
A Ria de Aveiro
Aveiro é conhecida como a Veneza portuguesa devido aos canais formados pelo recuo do mar, que foi um dos mais importantes e belos acidentes hidrográficos da costa portuguesa. Um desses canais é conhecido como a Ria de Aveiro e foi nele que tomamos um moliceiro (barco) pelo preço de € 3,85 por pessoa (normalmente é cobrado € 5,00) para um passeio muito belo.
Ao desembarcar fomos a um shopping ao lado da Ria onde fizemos uma pausa para nosso almoço. Para quem gosta de fazer compras, ele está recheado com várias lojas como Levi´s, Sport Zona, Hugo Boss, Zara e outras de renome. Depois pegamos uma BUGA, abreviação de Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro, que usamos para conhecer o restante da cidade, principalmente o Museu, a Catedral e a Universidade de Aveiro.
BUGA
Para utilizar essa bicicleta basta deixar um documento em um dos pontos BUGA, que estão espalhados pela cidade, e na devolução você pega o documento de volta. Percorremos uma parte da cidade com ela e ao entrarmos nos pontos turísticos deixávamos a bicicleta do lado de fora sem cadeado. Fiquei pensando o porquê ainda não implantaram um projeto como esse no Brasil! Hehehe…
O Museu de Aveiro fica instalado no edifício do antigo Convento de Jesus que foi fundado em 1461. Esse convento feminino de clausura esteve ligado a figura da Infanta Santa Joana, filha do Rei Afonso V. As coleções do museu são de temática sacra provenientes do Convento de Jesus e de outros conventos da cidade e do país.
Catedral de Aveiro
A viagem foi muito proveitosa, pois acabamos por conhecer os principais pontos e uma boa parte da cidade por menos de € 20,00 incluindo nosso almoço no shopping. Para quem deseja conhecer ainda mais a cidade, há outros passeios de autocarro turístico, mas o preço do passeio é de € 10,00 por pessoa, portanto, não recomendo a ninguém já que se apanharmos uma BUGA ou um táxi ficará bem mais em conta.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Casa de Fados

Certo dia, nosso amigo português Humberto nos levou a um barzinho noturno chamado “Diligência”, uma Casa de Fados aqui de Coimbra. O Fado é um estilo musical português, geralmente é cantado por uma só pessoa, a qual chamamos de “fadista”, e acompanhado por guitarra clássica e portuguesa. A palavra fado vem do latim fatum que significa “destino”.
Ao chegar na taverna situada em uma das ruelas da cidade de Coimbra comecei a reparar nos detalhes. O bar é pequeno, as paredes são de pedras, as mesas e cadeiras de madeira maciça, não havia garçonetes, o próprio dono do bar passava nas mesas anotando os pedidos. Como de costume quase todas as pessoas que ali estavam pediam a jarra de Sangria. Essa é uma bebida preparada misturando ao vinho algumas frutas, licor e refrigerante. O sabor das frutas se mistura ao do vinho e do licor, neutralizando um pouco o álcool dessas bebidas, nesse bar a jarra de Sangria custa € 10.
Enquanto o momento do Fado era esperado por todos, ficávamos ao som de músicas que tocavam nas pequenas caixinhas de som daquela taverna. A iluminação, feita por pontos de luz no teto baixo, deixava o ambiente confortável e tranquilo. As cores predominantes eram escuras, tons de vermelho e preto, contribuíam para tornar o ambiente um pouco diferente.
Certo momento a música parava, as luzes se apagavam e ficávamos à iluminação de pequenas velas sobre as mesas. Nesse momento o silêncio era total e o Fado começava a ser tocado por uma dupla de fadistas que revezavam um violão durante as músicas. A voz forte do fadista combinada com a melodia diferente do violão ecoava naquela pequena taverna, passando-nos os sentimentos mais profundos daquela alma portuguesa.
O Fado era tocado em intervalos de vinte minutos, durante o intervalo um dos fadistas percorria algumas das mesas com o violão nas mãos cantando em tom baixo exclusivamente para as pessoas da mesa. Deixavam-nos pedir algumas músicas e pediam que acompanhássemos cantando. Depois de um tempo as luzes se apagavam de novo, o pessoal voltava a fazer silêncio total e o Fado voltava a ser cantado para todos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Rio Mondego

O Rio Mondego nasce na Serra da Estrela e tem sua foz no Oceano Atlântico, na cidade de Figueira da Foz. Ele banha a cidade de Coimbra e é o maior rio português que possui seu curso inteiramente contido em seu território. Os romanos o chamavam de “munda”, que significa claridade, transparência e pureza.
Rio Mondego

Vista do Rio Mondego da minha sala de aula

Sentado em minha cadeira da sala de aula, é possível vê-lo, basta inclinar um pouco a cabeça para poder ter uma visão fantástica. Às vezes, andando sem rumo pelas ruelas ao lado das faculdades do ”Polo I”, é inevitável me arrepiar todas as vezes que o vejo. É uma paisagem única que te dá a sensação de liberdade e uma paz interior fora do normal.
Em um domingo, resolvemos conhecê-lo mais de perto. Passamos pela Praça da República, descemos a Av. Sá da Bandeira, passamos em frente ao Mercado D. Pedro V, cruzamos a Praça 8 de Maio, onde se encontra a igreja de Sta. Cruz, e caminhamos em direção à Ponte de Santa Clara. A caminhada durou cerca de 25 minutos, que foram recompensados posteriormente com a maravilhosa paisagem.

Parque Verde do Mondego

Ao chegar no Rio Mondego, caminhei pelo Parque Verde do Mondego em frente à Ponte Pedonal Pedro e Inês. As árvores têm aspecto diferente, seu tronco é reto como nos desenhos animados ou aqueles que fazíamos quando crianças e o verde das folhas mais escuro. A disposição delas em retas perfeitas nos passava uma impressão de organização e limpeza.

Ponte Rainha Santa Isabel ao fundo
Sentei à beira do rio e observei a Ponte Rainha Santa Isabel. Mais tarde, caminhando perto da margem, observava atentamente cada detalhe, assim como fez Luís Vaz de Camões:

Doces águas e claras do Mondego,
doce repouso de minha lembrança,
onde a comprida e pérfida esperança
longo tempo após si me trouxe cego:

de vós me aparto; mas, porém, não nego
Que inda a memória longa, que me alcança,
me não deixa de vós fazer mudança;
mas quanto mais me alongo, mais me achego.

Bem pudera Fortuna este instrumento
d' alma levar por terra nova e estranha,
oferecido ao mar remoto e vento;

mas alma, que de cá vos acompanha,
nas asas do ligeiro pensamento,
para vós, águas, voa, e em vós se banha.
                                       Luís de Camões

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Figueira da Foz e o Castelo Montemor-o-Velho

No primeiro final de semana em Coimbra o nosso amigo português Humberto nos levou para Figueira da Foz, uma cidade do litoral português situada junto à foz do Rio Mondego. É um dos lugares turísticos mais importantes de Portugal, onde se encontra o Casino Figueira, um dos maiores do país e o mais antigo da Península Ibérica. Apesar de antigo, a fachada desse cassino é maravilhosa com uma arquitetura bem moderna.

Chegando a Figueira da Foz, Humberto nos levou à Serra da Boa Viagem, um lugar cuja altura permitia uma visão incrível das praias. Foi lá que fizemos o nosso piquenique com frango assado, batata frita e refrigerante. Um lugar calmo e fantástico, onde a sombra das árvores e as mesas dispostas permitiam um ambiente confortável para um lanche.
Após o lanche que nos serviu como almoço, descemos a praia de Figueira da Foz. Em frente ao famoso relógio da praia tomamos um sorvete e depois caminhamos a praia. Para chegarmos ao mar andamos cerca de 1km passando por uma ponte construída com ripas de madeira sobre a areia clara e grossa da praia. O vento era forte perto ao mar, a água extremamente gelada, mas não pude deixar de dar um mergulho.

Ficamos um tempo nessa praia e resolvemos voltar a Coimbra, mas no caminho passamos ao famoso Castelo Montemor-o-Velho que se sobressaia dentre a paisagem pitoresca que presenciávamos ao vivo. Após subir uma pequena ladeira e pararmos em frente ao castelo pudemos conferir de perto o que havia por trás daquelas grandes muralhas. E o melhor, não precisamos pagar nada para entrar.


O castelo medieval do século XI foi construído para proteger a região baixa do Mondego. O caminhar ao lado das grandes muralhas me remetia ao passado me fazendo imaginar a história que havia se passado, foi palco de várias guerras. No centro, a Igreja de Santa Maria da Alcáçova em estilo manuelino.
No caminho de volta a Coimbra, ainda paramos em uma doceria, onde provei o bolinho de bacalhau e o pastel de Tentúgal, um doce muito bom recomendado pelo Humberto. Depois voltamos ao som dos meus sertanejos favoritos, cantados por mim, Grazi, Raul e Cecília.

sábado, 18 de setembro de 2010

A Universidade de Coimbra

No segundo dia em Coimbra, meu amigo Lucas me levou até a Universidade de Coimbra. Saindo de casa, acionei o cronômetro do meu celular para saber quanto tempo levaria para chegar. A cidade é repleta de ladeiras com várias subidas e descidas, por isso o cansaço chega muito rápido, enquanto o destino demora.
A ida até a universidade é menos cansativa, chega a demorar cerca de 13 minutos pois são muitas descidas e uma só subida, porém a única subida que existe na ida é a famosa escada monumental. Essa escada possui 5 lances de 25 degraus cada, ou seja, são 125 degraus para subir de uma só vez.
Existem várias lendas que envolvem essa escada, uma delas diz que se o estudante tropeçar, como consequência, ele reprovará no ano correspondente ao lance da escada que contém o degrau que tropeçou. Outra lenda diz respeito às duas bolas que estão no topo dessa escada, porém não convém comentá-la aqui.


Depois de subir a escada monumental, deparei-me com o Largo D.Dinis, uma praça em cujo centro há uma estátua de D.Dinis. Do lado esquerdo, o prédio do departamento de matemática, onde iria estudar pelos próximos seis meses, e do lado direito, os antigos hospitais da universidade, onde agora se situam vários serviços, como o de Relações Internacionais.
Mais à frente, deparei-me com o antigo prédio da faculdade de Medicina, a atual Biblioteca Geral e a faculdade de Letras, antes de chegar à Porta Férrea que dá acesso à Via Latina, onde se encontram os serviços da reitoria, a faculdade de direito, a capela, a torre e a famosa biblioteca Joanina. Essa é uma das áreas mais esplendorosas da universidade, pois nos dá uma vista incrível para o Rio Mondego.


Em geral são construções antigas combinadas com paisagens naturais que nos deixam completamente impressionados. Jamais na minha vida imaginei que um dia descreveria o pátio principal da Universidade de Coimbra, a mais antiga de Portugal, e muito menos que teria a honra de estudar aqui e fazer parte da história desse símbolo português.
É com grande prazer que agradeço a meus pais Osvail e Adriana, a minha orientadora Miriam e a meus amigos que me ajudaram muito durante todo processo de seleção da bolsa Santander Universidades.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Chegando a Coimbra

Após toda tensão e expectativa que tomava meus dias antes da chegada ao aeroporto, onde tomei um avião que cruzou o oceano, finalmente pude respirar aliviado o ar europeu. O ar que Fernando Pessoa respirava ao escrever os versos mais sinceros e profundos, dos quais um deles me encanta muito “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.
Tomei um avião em São Paulo com destino a Porto com conexão em Madri, contando com a ajuda da minha amiga Grazy. Toda viagem foi bastante cansativa, pois além do tempo de espera tive que me deslocar do aeroporto de Porto a Coimbra com duas malas gigantes. Tomei um trem no aeroporto de Porto com destino a Estação de Campanhã, de lá tomei outro trem com destino a Coimbra e depois mais um táxi até chegar a minha nova casa.
Chegava a me arrepiar ao ver a grandeza e antiguidade da bela cidade de Coimbra pela janela do táxi. Já no começo percebi algo nobre por parte dos motoristas, quando o pedestre coloca o pé na faixa de pedestres os carros param por mais rápido que estejam. Ainda estou me acostumando com isso, fico imaginando quantos dias um português conseguiria viver em São Paulo com essa ideia de que os carros param ao colocar o pé na faixa.


Outro nobre gesto da cultura portuguesa que também percebi logo no início, foi quando entrei no supermercado e fiz uma compra de € 2,34. Paguei a conta com uma nota de € 5,00 e recebi o exato troco de € 2,66. Achei até estranho receber uma moeda de um centimo, mas depois de várias outras compras percebi que isso era completamente normal. Assim como a moeda de 1 cêntimo, existe também a de 2 cêntimos que sempre aparecem muito na nossa carteira.
Chegando a minha casa, na Rua Sá de Miranda, fui muito bem recepcionado por meu amigo Lucas, o qual nos levou mais tarde a resolver toda burocracia que ainda não foi resolvida, como prolongamento do visto, matrícula, carteirinha estudante e tudo mais. Sá de Miranda era um poeta português considerado importante por introduzir os versos decassílabos e a comédia em prosa.